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Um prato que me aparece com muita frequência ao fim de semana é feijoada, neste caso, versão Tripas à Moda do Porto. Normalmente acompanho com vinho rosado com algum corpo, porque gosto da ligação de texturas. Mas a ideia não é ficar agarrado às mesmas harmonizações quando há tantas alternativas para testar. Esta opção era mais ou menos fácil de chegar, porque um branco mais elaborado com alguns anos acaba por suavizar um pouco a frescura da acidez e a textura mostra-se mais. Este Maria de Lourdes 2010 estava lá por casa e correspondia ao perfil, portanto, a rolha saltou e avançou-se com a harmonização.
O vinho estava em belíssima forma. Além de aroma ainda frutado, mas já com mais fruta branca do que tropical, com a ligeira mineralidade do Douro, a frescura na boca mantinha-se presente e equilibrava muito bem a textura mais cremosa do corpo. Termina longo, elegante, guloso, encantador.
A harmonização correspondeu positivamente. A ligação de texturas funcionou da mesma forma e quando a temperatura subiu um pouco ficou perfeita. Se o vinho estiver demasiado frio, o conjunto vinho e comida acaba por realçar a acidez e perde um pouco a elegância.
Este livro foi verdadeiramente a minha primeira viagem pelos vinhos do mundo. Até agora li mais sobre a prova, técnicas e abordagens, mas a forma como o Master Sommelier Vincent Gasnier organiza o livro origina uma abordagem bem diferente. Esse aspeto acabou por ser determinante.
O livro fala-nos de vinho desde a videira até ao palato. Tem informação muito interessante sobre viticultura, vinificação, papel do enólogo, do produtor, etc... Quando chega à parte da prova, o desenvolvimento é efetuado por estilos e perfil de vinho. Assim, separa vinhos leves e fresco, frutados e aromáticos e depois os mais poderosos. Associa cada estilo às castas e regiões mais representativas dos diversos estilos nos diversos países (velho e novo mundo). Percebemos, então, o peso varietal nos vinhos internacionais, em contraposição à nossa tradição de lote. Apreciei especialmente esta estrutura, porque quando procuro harmonizar vinho com comida o perfil é um dos pontos críticos que suportam a decisão. Se o vinho é mais ou menos encorpado, taninoso, estágiado em madeira, perfumado, cítrico, fresco, etc...
Os nossos vinhos também apareceram, com os Vinhos Verdes no capitulo leves e frescos, Douro nos tintos frutados e aromáticos e Bairrada e Dão nos vinhos opulentos e de guarda. Poderei não concordar completamente, mas depende do que o autor provou.
Quando lemos um livro aprendemos sempre algo, neste caso em particular muito do que se faz pelo mundo. A afinidade com a definição de estilos foi a cereja em cima do bolo de uma leitura muito interessante. Um autor que mostrou grande conhecimento e partilhou de uma forma original. Gostei muito.
O almoço seria coelho panado, o que convidava a escolher um tinto. Estamos perante uma carne com sabor pouco forte, pouco marcado, portanto, tanto poderia pensar num tinto mais poderoso como noutro mais suave. O Crasto 2010 estava há 2/3 anos na cave para polir um pouco, suavizar a acidez e os taninos. Não sendo um vinho de guarda longa, decidi abrir. A cor mostrou um rubi perfeito, bem definido; no nariz encontrei o perfil frutado e floral característico do Douro, numa versão mais madura, mas ainda limpa. Na boca, corpo médio, taninos finos, bem envolvidos, toque de frescura, mas com a acidez já domada. Bom final, agradável, persistente. Ainda poderia ter ficado mais um ano ou dois para o ponto ótimo, mas estava num belo momento e deu muito prazer. Gostei bastante, foi boa opção esperar uns tempos. Para o meu gosto, claro.
A harmonização foi a esperada, boa ligação, sem sobreposições. No entanto, mesmo com o tempo de descanso, a acidez ainda ficava em destaque no final. Nada que comprometesse o sucesso. Foi mais uma refeição muito agradável em família.