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Um simples zapping na rádio resgatou do baú das memórias uma versão fantástica de uma das minhas preferidas dos U2.
A Wine de Maio chegou às minhas mãos em Junho. Nada problemático, claro, apenas se destacou pela evolução nos últimos 2 anos. Quando comecei a ler esta revista encontrava-a antes da congére de Vinhos, posteriormente começou a aparecer depois e desta vez “saltou” o mês. Mera curiosidade numa edição muito boa, que destacou o Peixe em Lisboa e os chefes que por lá passaram. Como apreciador de peixe tenho particular prazer em verificar o sucesso do evento e a notoriedade que o “nosso” peixe (na verdade, o peixe pescado nas nossas águas territoriais) tem a nível internacional. Para mim, a grande peça da revista foi sobre Bordéus, devido à minha falta de conhecimento sobre a região, colmatada com informação bastante útil e reveladora da sua realidade. Por exemplo, sabem qual o peso dos Grand Cru na região? Aqueles que vendem a preços exorbitantes? E o preço médio, no produtor, uma garrafa de vinho da região? Os menos conhecedores poderão ficar surpreendidos.
Mas não foi a única a merecer destaque, em mais uma edição muito boa:
- Restaurantes, despertou-me curiosidade pelo JazzCome;
- Casta, Cabernet Sauvignon;
- Macau, uma passagem muito interessante pela nossa ex-colónia, a mostrar o panorama gastronómico actual e a sublinhar que os vestígios da nossa passagem estão bem presentes e para ficar;
- Billecart Salmon, nos relatos destas invejáveis visitas não são as provas o mais importante. É mesmo o posicionamento, a visão e os métodos de vinificação que trazem real valor acrescentado a quem lê. Também se destacou a boa escrita de Fátima Iken.
Vinhos anotados para possível compra: 3.
Vinho | Bafarela Colheita |
Tipo / Ano | Tinto 2010 |
Castas | Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Barroca |
Região | Douro |
Produtor | Brites e Aguiar |
Aspecto | Vermelho, bordo violáceo |
Nariz | Floral, frutado |
Boca | Bom corpo, taninos leves, acidez média. Muito suave na boca, conseguimos sentir o seu corpo como pequenos pedaços de algodão doce. No final médio e suave, além do que mostrou no nariz ainda tem alguns frutos secos para revelar. |
Nota | 15,5 |
Data Prova | Junho 2012 |
Preço | €5,00, Garrafeira das Artes |
A casa agrícola da família localiza-se em Várzea de Trevões, concelho S. J. Pesqueira, sub-região Cima Corgo. Os seu respeitáveis 190 ha de área são dominados pela vinha, que se estende pelas encostas junto ao Rio Torto e Ribeira de Galegos.
É o segundo Bafarela Colheita que provo e ambos estiveram muito bem. Vinho sem estágio em madeira, dá às uvas oportunidade para brilharem por si e elas não a descartam. Com corpo acima da média, muito suave, mostra o floral do Douro num perfil algo guloso. Só bem oxigenado mostrou os frutos secos, pelo que respirar mais de meia-hora ou mesmo decantá-lo são opções muito aconselháveis (já o tinha referido para o 2009). A partir desta prova vou usar muito mais vezes o decantador em vinhos jovens. Afinal, a decantação não prejudica a estrutura e a oxigenação é mais conseguida. A acrescentar a isto, nem sempre tenho oportunidade de abrir as garrafas com a antecedência ideal. Este, em particular, ficou como boa referência de vinho sem estágio em madeira. Relação qualidade/preço equilibrada, recomendo que se experimente.
Vinho | Cunha Martins |
Tipo / Ano | Rosé 2011 |
Castas | Tinta Roriz |
Região | Dão |
Produtor | União Comercial da Beira |
Aspecto | Rosado intenso |
Nariz | Frutos vermelhos, terra, vegetal |
Boca | Corpo médio, boa acidez. Fresco e equilibrado, está no ponto certo de doçura. Termina médio com a fruta em destaque e acidez a dar vivacidade. |
Nota | 15 |
Data Prova | Junho 2012 |
Preço | Na casa dos €2,00, Continente |
O centro da actividade deste produtor desenvolve-se na Quinta do Cerrado, localizada em Oliveirinha, concelho de Carregal do Sal, sub-região Terras de Senhorim. Utiliza uvas dos seus 30 hectares de vinha, bem como outras compradas na região.
Este rosé tem a particularidade de fermentar parcialmente em barricas de carvalho Allier (10% do mosto). Gostei do resultado final, já que apresenta as características típicas do género, mas com o equilíbrio certo (não demasiado doce). Embora seja agradável a solo, um acompanhamento ligeiro será preferível. Boa relação qualidade/preço, boa compra.
Vinho | Vinha Paz |
Tipo / Ano | Tinto 2009 |
Castas | Touriga Nacional, Tinta Roriz, Alfrocheiro, Jaen |
Região | Dão |
Produtor | António Abranches Canto Moniz |
Aspecto | Rubi |
Nariz | Frutos vermelhos maduros, baunilha, madeira |
Boca | Bom corpo, taninos polidos, acidez média. O seu corpo confere volume à prova e transporta para a boca o que mostrou no nariz. Suave e redondo, o toque de baunilha torna-o um pouco guloso. Final com bom comprimento e persistência média |
Nota | 16 |
Data Prova | Junho 2012 |
Preço | Cerca de €9,00 |
De vinhas da freguesia de Silgueiros, concelho Viseu, sub-região Silgueiros, chega-nos um Dão com perfil duriense, pelos seus corpo e intensidade. Tem um carácter algo guloso, que acaba por o tornar sedutor, já que é acompanhado por uma suavidade bem agradável. Muito bem à mesa, onde convida a que se encha o copo. Relação qualidade/preço média.
Mea culpa, a LER de Maio não teve a atenção que merecia. O período foi agitado e a leitura foi mais rápida e menos atenta do que esta revista merece. Talvez por isso as subtilezas de Enrique Vila-Matas não me tenham atraído, suplantadas pelas peças sobre o Antonio Tabucchi. Mesmo sem a atenção devida, a LER preenche sempre muito bem aquele espaço mensal ligado aos livros de que necessito.
Principais destaques:
- Língua Movediça: candidata a aparecer por aqui todos os meses, desta vez por nos levar até algumas palavras fora de uso. Muito interessante;
- Vila-Matas: entrevista ao grande escritor catalão, que mesmo sem deslumbrar não passa sem deixar marca.
- Antonio Tabucchi: homenagem sentida, que não pode deixar de estar aqui;
- Estante Digital: uma aplicação cheia de conteúdos gratuitos de Shakespeare? Como perder?.
Sugestões de compra: O Lustre e Água Viva de Clarice Lispector; O Princípio de Todas as Coisas – Ciência e Religião, de Hans Kung.
Vinho | Cabriz |
Tipo / Ano | Rosé 2011 |
Castas | Touriga Nacional, Alfrocheiro |
Região | Dão |
Produtor | Dão Sul |
Aspecto | Rosa pálido |
Nariz | Frutos vermelhos e silvestres |
Boca | Corpo médio, boa acidez. No palato temos um vinho mais delicado, fresco, adocicado, muito focado em frutos silvestres bem limpos (amora). Final médio, frutado e fresco. |
Nota | 15 |
Data Prova | Junho 2012 |
Preço | €3,79, Continente |
A Quinta de Cabriz, com os seus 38 hectares de vinha, situa-se em Carregal do Sal, sub-região Terras de Senhorim. O Cabriz rosé volta a mostrar-se do meu agrado, agora na versão 2011. De perfil delicado e frutado, é adequado para consumo a solo ou a acompanhar aperitivos/entradas. Mantém uma presença de fruta bem limpa, que não tenho encontrado com facilidade noutros rosés. Para quem preferir um perfil mais delicado, um nadinha doce, quiçá, mais feminino, tem aqui uma boa opção. Boa relação qualidade/preço, recomendo.
Em 2008, a Europa representou 60% da produção mundial de vinho. Os excedentes de produção atingiam os 18,5 milhões de hectolitros/ano. 3 anos depois, o Tribunal de Contas Europeu assume o falhanço das políticas de redução dos excedentes, que se mantêm em 10,2 milhões de hectolitros/ano.
Notícia do jornal Público.
O balanço da edição de Maio da Revista de Vinhos lembrou-me a dimensão deste mundo do vinho. Mais uma vez em muito bom nível, mais uma vez cheia de motivos de interesse, mas por conteúdos diferentes do habitual e com uma sensação positiva de contornos especiais. Podemos ver com mais detalhe nos destaques que há aspectos habitualmente menos abordados com interesse elevadíssimo. Curiosamente, uma das peças com menor impacto foi o bem tradicional painel, com os vinhos da região de Setúbal a mostrarem, na verdade, boa relação qualidade / preço, que valorizo, mas a não despertarem especiais instintos de caça à garrafa.
Uma aposta ganha em algumas peças, talvez, de maior risco, com destaque para:
- Fábricas de Milhões, os nossos campeões de vendas e a técnica de vinificação que os suporta. Confesso que foi novidade para mim;
- Sogrape na América do Sul, os maiores de Portugal não páram. Parabéns e votos de continuação de muito sucesso na conquista do Chile e da Argentina;
- Tinto, conquista recente, juntar as minhas paixões por vinho e história tinha que dar destaque. O título da peça revela qualquer coisa, mas desde quando o vinho tinto tem a importância actual? Revelador;
- Clima ameaça o Douro? - a região de origem do Vinho do Porto, provavelmente o melhor vinho de generoso do mundo e certamente o mais reconhecido, mas também de grandes vinhos de mesa estará ameaçada? A confirmar.;
- Queijos de França, peça muito, muito informativa para um leigo;
- Gastronomia, marca para agarrar com unhas e dentes: O melhor peixe do mundo. Reflexão muito importante de José Bento Santos, para levar a sério enquanto está ao nosso alcance.
Mais 10 referências anotadas para compra potencial.
O Autor
Italo Calvino nasceu em Santiago de Las Vegas, Cuba, em 1923. Quando conta com cerca de 2 anos de idade a família regressa a Itália, fixando-se em S. Remo. No período da II Guerra tem uma participação activa na resistência e estabelece ligações ao Partido Comunista. Trabalha como redactor e colabora com diversos jornais, até que, em 1985, de forma inesperada, morre de acidente vascular cerebral.
O livro
O livro destaca-se pela originalidade, tanto no desenvolvimento do tema como na estrutura. O início retira-nos logo da zona de conforto e anuncia o que virá a seguir, quase como um amuse bouche que estimula as papilas gustativas para um jantar de degustação. Segue-se a aventura de um Leitor, sem nome próprio, e de uma Leitora à volta dos livros. Com livros começa, com livros acaba, por livros tudo acontece. Numa estrutura que alterna o desenvolvimento do romance com inícios de livros que passam pelas mãos do Leitor, a mestria do autor revela-se em dois pontos principais. Por um lado, a ligação perfeita entre os capítulos cria um todo; por outro lado, a forma como conduz as nossas sensações na leitura consegue despertar interesse nos diversos livros e tira-nos o pão da boca quando conquistados. Curiosamente, os inícios de romances dão indicações de seguirem estilos diferentes, do policial à história de amor, passando por filosófico ou de aventuras. O seu estilo pontualmente coloquial de se dirigir ao leitor, que me agrada, fez-me lembrar o nosso Nobel. Quem sabe não influenciou José Saramago?
Pelo meio, parece deixar algumas ideias sobre escrita e leitura. Sobre a escrita, parece entender que tudo já está escrito e aponta para o conceito de cada livro representar um capítulo de um único grande livro que cada autor escreve: a sua obra. Ao mesmo tempo fez-me lembrar a ideia Pessoana do poeta fingidor, aqui aplicada ao romancista. Neste ponto, o personagem escritor parece dar voz aos pensamentos do autor. Na questão leitura, lança de forma subtil para a arena dois estilos: a leitura pela leitura e a aborgdagem mais analítica, crítica. Considerando que a Leitora, uma das personagens principais, representa o primeiro perfil, a forma como provoca acontecimentos à sua volta e a opinião clara do autor-personagem, não fica muita margem para dúvidas sobre a preferência do autor. Para quem não tem formação na área de letras e apenas lê numa perspectiva de prazer e partilha de conceitos e visões do mundo, não deixo de simpatizar com esta ideia.
Gostei imenso de ler este livro. O seu cariz literário é bem vincado, mas também a leitura mais descontraída encontrará motivos de prazer, em especial pela inquietude permanente que atribui uma dinâmica muito apelativa. É um livro que não é candidato ao esquecimento após a leitura, encontra um lugar na nossa memória e estará sempre pronto a libertar-se da prisão do inconsciente. Colecção Mil Folhas, nº 11.
Vinho | Quinta Alorna |
Tipo / Ano | Rosé 2011 |
Castas | Touriga Nacional |
Região | Tejo |
Produtor | Quinta Alorna |
Aspecto | Vermelho intenso |
Nariz | Frutado, floral |
Boca | Corpo médio, boa acidez. Presença de boca com alguma intensidade, dominada pela fruta. O corpo dá-lhe algum volume e a acidez frescura e vivacidade final. Perfil mais seco do que doce para rosé. Final médio. |
Nota | 15 |
Data Prova | Junho 2012 |
Preço | €4,49, Continente |
Um vinho que causa impacto imediato pela cor, um vermelho bem intenso. Mantém essa força na boca, com muita fruta. Mais intenso que delicado prefiro-o na mesa, a acompanhar entradas, do que a solo. Gostei, apresenta uma relação qualidade/preço equilibrada. Vejo os vinhos rosados como subavaliados e os preços nas casas dos €2,00 / €3,00 abaixo do seu valor justo (na maioria dos casos). Claro que enquanto consumidor não me importo de pagar pouco...
Após provar no verão passado, em casa e no 4 Horas à Mesa, este Altano voltou à mesa para acompanhar uma belas fanecas frescas das Caxinas. Uns bons meses depois, a Moscatel fez um takeover, admito que hostil, e domina o vinho. Tanto nos aromas como na boca, a sua personalidade impôs-se e temos um vinho com perfil ainda mais adocicado, com o perfume e algum anis a dominarem. Um ano mais tarde, a acidez está menos vincada, o que torna a presença de boca mais redonda, no entanto, mantém uma presença viva no final que dá um toque mais fresco e mantém o equilíbrio global do vinho.
Não sei dizer se está no topo de forma ou se já iniciou o trajecto descendente, mas sim que o encontrei num momento de consumo muito bom, em particular para quem gostar de um perfil mais doce. Nem todos os brancos entrada de gama têm duração limitada ao ano seguinte à colheita, este está mais do que recomendável para consumo. Veio da Garrafeira do Jofre, por uns bem dados €3,95.
Vinho | Kopke |
Tipo / Ano | Tinto 2009 |
Castas | Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz, Tinto Cão |
Região | Douro |
Produtor | Sogevinus Fine Wines |
Aspecto | Rubi |
Nariz | Frutado, floral |
Boca | Corpo médio, taninos discretos, boa acidez. Fresco e agradável, a leveza de estrutura torna-o suave e consensual, com uma presença mais doce a conferir alguma gulodice. Final médio e suave. |
Nota | 15 |
Data Prova | Junho 2012 |
Preço | €3,99, Continente |
Dentro do segmento de vinhos do Douro abaixo de €5,00 este é dos meus preferidos. Sempre agradável e consensual, é uma escolha segura para ficarmos satisfeitos por €3,99 a garrafa. Boa relação qualidade/preço, recomendo.
Hoje sinto-me muito bem, acabei de ler um livro. O tempo investido na leitura tem diminuído, assim, os dias de início e fim da leitura de um livro são especialmente agradáveis.
Vinho | CARM Reserva |
Tipo / Ano | Tinto 2009 |
Castas | Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Francisca |
Região | Douro |
Produtor | Casa Agrícola Roboredo Madeira |
Aspecto | Rubi |
Nariz | Frutado, floral, cassis, alguma especiaria e nuances de madeira |
Boca | Bom corpo, boa acidez, taninos redondos. No meio palato está muito agradável, com taninos envolvidos, o que o torna suave. Uma agradável sucrosidade contribui para o equilíbrio global e prazer na prova. Bom final, com ligeira acidez em destaque. |
Nota | 16,5 |
Data Prova | Junho 2012 |
Preço |
Em Almendra, concelho de V. N. Foz Côa, encontra-se a sede da CARM. Estamos em pleno Parque Natural do Douro Internacional e Parque Arqueológico Vale do Côa. Dos 90 hectares de vinha nas suas quintas da região, com aposta crescente em produção biológica, nascem vinhos DOC Douro, sub-região Douro Superior. O CARM reserva tinto teve grande destaque pela relação qualidade/preço reconhecida internacionalmente com a colheita 2007. Um dos efeitos foi aparecer mais próximo dos €10,00. O que se manteve foi a qualidade, sempre no nível muito bom, com um perfil muito coerente. Temos intensidade, suavidade, empatia, num vinho que conquistou o seu lugar no panorama vínico nacional.