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Vinho | Casa do Brasão Grande Reserva |
Tipo / Ano | Tinto 2008 |
Castas | Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz |
Região | Douro |
Produtor | Casa do Brasão |
Aspecto | Grená intenso, auréola violácea |
Nariz | Complexo, fruta madura, madeira, fumados, floral |
Boca | Bom corpo, óptima acidez, taninos finos e redondos. Na boca não se sente a madeira, antes temos uma bela acidez e uma estrutura interessante de taninos finos, num corpo acima da média. Final muito persistente e seco |
Nota | 17 |
Data Prova | Dezembro 2011 |
Preço |
Depois do congénere reserva chegou a hora do grande reserva, que se revelou um belo vinho. Vinho com personalidade, perfil seco e que promete longevidade, fruto de uma acidez fora do comum em tintos. Parece ainda caminhar para o seu melhor, que será excelente, já que neste momento está já muito bom. Mais um vinho que vale a pena e que não deve superar os €15,00, o que o torna uma compra muito interessante e recomendável. Acompanhou um arroz de pato.
Vinho | CM |
Tipo / Ano | Tinto 2007 |
Castas | Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz |
Região | Douro |
Produtor | CARM |
Aspecto | Grená carregado |
Nariz | Complexo, fruta preta, chocolate preto, mineral |
Boca | Bom corpo, acidez média, taninos redondos. Com perfil seco, a sua bela estrutura centra a prova de boca, muito bem envolvida num corpo que acomoda os taninos. Saboroso, um trabalho impecável no equilíbrio e na madeira perfeitamente integrada, delicia-nos até um final vivo, longo e muito persistente. |
Nota | 17,5 |
Data Prova | Dezembro 2011 |
Preço |
Existem pouco mais de 4000 garrafas deste vinho, parte dele estagiado 12 meses em barricas de carvalho francês e americano e descanso adicional de 30 meses em garrafa. O resultado é mais um grande vinho do Douro, cujo preço de referência de €49,00 o coloca num patamar de exclusividade. Foi provado como complemento ao almoço de 19/11. Excelente, sedutor, magnético...
Vinho | Van Zellers |
Tipo / Ano | Tinto 2009 |
Castas | 80% Touriga Nacional e Touriga Franca, restantes 20% diversas típicas da região |
Região | Douro |
Produtor | Lemos e Van Zeller |
Aspecto | Grená |
Nariz | Intenso, frutado, floral (esteva), ligeira especiaria |
Boca | Bom corpo, acidez média, taninos redondos. Ataque forte, que mostra o seu BI Douro superior, com fruta e o floral das tourigas em destaque. Final longo, persistência média, floral e guloso |
Nota | 16 |
Data Prova | Dezembro 2011 |
Preço |
Vinho bem feito, com corpo, aromas e álcool (14,5). Tem um perfil mais doce do que seco, nesta fase o floral destaca-se. O estágio em barricas usadas (18 meses) faz com que não se sinta qualquer madeira menos integrada. Gostei, segue o perfil de diversos vinhos do douro, que me agradam, mas sem euforias. Bebida bem agradável. Relação qualidade/preço média/baixa.
A Revista de Vinhos não é a grande referência da crítica de vinhos impressa por acaso, mês após mês consegue apresentar conteúdos diversificados e sempre com um nível de interesse e qualidade notáveis. A acrescentar, temos centenas de notas de prova e classificações que raramente me desiludiram e que proporcionaram muitas e boas compras.
Nesta edição não faz por menos: um painel de mais de 50 vinhos do Douro com pontuação mínima de 16, alguns com o selo boa compra. Já sabemos que muitos são topo de gama, com preços muito acima do que o rendimento do português médio consegue suportar, mas há sempre aquela ocasião especial... Notemos as boas compras: um pontuado com 17,5, dois com 17 e outro com 16,5, qualquer deles com preço indicativo inferior a €15,00. Um painel brutal.
Os restantes conteúdos tiveram aquela qualidade a que nos habituámos, mas, mesmo assim, destacaram-se:
- Água das Pedras 140 anos, quando o produto é conhecido pelo nome da marca, temos algo de muito especial. Acompanhou todos os Portugueses vivos desde o nascimento, é mítica;
- 200 anos Blandy's, como apaixonado por generosos, gostei imenso de saber um pouco mais sobre uma das casas de referência dos vinhos Madeira;
- O outro lado da Austrália, uma bela reportagem sobre um país do novo mundo, mais especificamente Margaret River, zona rainha dos premium Australianos. Da minha experiência com vinhos Australianos destacam-se os fortificados, com moscatéis brilhantes;
- Grandes vinhos, grande música, podem grandes compositores encontrar um alter ego em castas? Bach e Cabernet? Mozart e Pinot Noir? Outra forma fascinante de ver e viver o vinho por José Bento dos Santos;
- Solar Vinho Porto em Lisboa, como cliente mensal do congénere no Porto, fiquei muito satisfeito por saber da existência deste em Lisboa. Actualmente, é o meu local de eleição para ficar a saber mais sobre o Vinho do Porto. Enófilos da capital, está ao vosso alcance por poucos Euros;
- Leitão à Bairrada, Fernando Melo inicia de forma genial, logo no parágrafo introdutório: “Não é sincero quem não confessa que sai de casa ou volta para casa pela A1 a horas que façam coincidir a passagem pela Mealhada na altura do almoço ou jantar.” Depois de dezenas de viagens Porto-Lisboa e regresso, a identificação é inevitável; o leitão da bairrada é uma instituição e está tudo dito.
Para sugestões de compra lá foram mais 12 referências.
Vinho | Lello Garrafeira |
Tipo / Ano | Tinto 1997 |
Castas | Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Barroca |
Região | Douro |
Produtor | Soc. Vinhos Borges |
Aspecto | Rubi, nuances alaranjadas |
Nariz | Armário antigo, frutos vermelhos e silvestres |
Boca | Acidez média, corpo médio, taninos evoluídos. O tempo tratou de fazer a devida mossa na estrutura do vinho, mas deixou-nos alguma fruta e um corpo sedoso, embora mais fluido. Final médio |
Nota | 16 |
Data Prova | Dezembro 2011 |
Preço |
Uma simpática prenda de Natal de 2010 estava à espera que um apreciador de vinhos menos jovens passasse cá por casa, o que acabou por acontecer. Depois da colheita em 1997, a vinificação incluiu um estágio de 6 meses em barrica e 1 ano em garrafa. A primeira aventura foi com a rolha, que, já amolecida, lá se partiu ao meio; seguiu-se o primeiro teste ao estado do néctar, o aroma, e correu bem. Na mesa portou-se como um senhor, com madeira velha e alguma fruta. Prova fácil e agradável, gostei muito.
Todos os meses alimento a minha ilusão de ligação à literatura com mais uma edição da LER. Tenho que ser realista, reduz-se a mera ilusão quando os livros lidos em 2011 não devem ultrapassar o número de dedos de uma mão. Mas, ao mesmo tempo, ajuda a diluir a frustração pela miserável ínfima parte do meu tempo dedicada aos livros. Bom, reflexões não resolvem nada se não originarem acção, logo há que dedicar tempo a leituras e não a lamúrias. O mês de Novembro, no entanto, reforçou o sentimento de ligação ao mundo dos livros, face ao evento que marca a edição e que é, de facto, notável e inesquecível: o encontro e a conversa entre George Steiner e António Lobo Antunes. A entrevista a Steiner, na simbólica edição nº 100 de Março, impressionou-me pela profundidade das reflexões do intelectual residente em Cambridge e acompanhar, agora, o encontro por ela motivado é fantástico. Se mais fosse necessário, os próprios demonstram na própria conversa quão especial, único e memorável foi esse encontro. Não sou conhecedor das respectivas obras, mas o simples respeito pelas figuras não nos deixa indiferentes a esta vitória que a LER conseguiu e pela qual está de parabéns.
Embora nesta edição exista um componente que deixa os restantes ofuscados, não posso deixar de sublinhar a entrevista a João Magueijo. A peça da LER sobre o seu livro despertou-me curiosidade, pelo que conhecer um pouco mais o autor, deparar com a sua visão da ciência e de como é encarada e a sua visão alargada da vida foi uma sequela muito apropriada.
No global, acabámos por ter nas mão uma edição um pouco mais desequilibrada, face a momentos altíssimos alternados com médios/alto. Claro que outras peças se destacaram, como passo a identificar:
- Tomas Transtormer: visto que o Nobel 2011 era um perfeito desconhecido, gostei de saber um pouco mais sobre ele;
- Estante Digital: não sei se me distraí nos números anteriores, mas fiquei com a impressão de ser uma estreia. O digital e o acordo ortográfico são inevitabilidades, assim, esta rubrica tem tanto de pertinente quanto de interessante;
- Almoço: com aquele orgulho e autoridade de lá ter estado, gostei da forma exemplar como a reportagem foca todos os pontos de mais um agradável evento.
Para a lista de sugestões de compra saltaram 4: O Adúltero Americano, de Jed Mercurio, Uma Estratégia para Portugal, de Henrique Neto; O Estado do Egito, de Alaa Al Aswany e Senhor Feliz, de Roger Hargreaves. O de Henrique Neto já está comprado e destinado à gestora da família.
Vinho | Duque de Viseu |
Tipo / Ano | Branco 2010 |
Castas | Encruzado, Malvasia Fina, Bical |
Região | Dão |
Produtor | Sogrape Vinhos – Quinta Carvalhais |
Aspecto | Límpido, amarelo palha |
Nariz | Cítrico, frutado, floral e mineral |
Boca | Corpo médio, acidez média. Fresco e suave, acompanha os aromas, com o mineral um pouco mais notório. Final médio, cítrico, floral e mineral |
Nota | 15,5 |
Data Prova | Dezembro 2011 |
Preço | €3,99, Continente |
É um vinho que criou alguma empatia comigo, gosto dele. Não está em causa a excelência, mas um equilíbrio entre técnica (na expressão das características das castas) e prazer no consumo, fresco e saboroso. Gostei do 2009 e deste de 2010, que pode ser bebido em 2012 e sabe-se lá até quando (a combinação zona, castas, produtor oferece algumas garantias...). Boa compra, relação qualidade / preço equilibrada.
Vinho | Julian Reynolds |
Tipo / Ano | Tinto 2008 |
Castas | Alicante Bouchet, Trincadeira, Aragonez, Syrah |
Região | Alentejo |
Produtor | Julian Cuellar Reynolds |
Aspecto | Rubi intenso |
Nariz | Frutos silvestres (amora), ligeira especiaria, madeira em fundo |
Boca | Corpo médio, boa acidez, taninos polidos. Boca focada na fruta, bem saborosa, suave e fresca até um bom final, com aquela causticidade ligeira do Alentejo |
Nota | 16,5 |
Data Prova | Novembro 2011 |
Preço | €6,00, Revista Vinhos Outubro |
Prova RV | Aroma com muitas notas balsâmicas, menta e especiarias. Cheio e redondo na boca, muito suave de taninos, onde aparecem sugestões de rebuçados de frutos e “after-eight”, num conjunto que prima pela macieza e polimento, equilibrado por uma boa acidez no final |
Mais um momenta vs RV, desta vez com este vinho do Alentejo. As uvas colhidas na Herdade da Figueira de Cima fermentaram em balseiros Seguin Moreau de carvalho francês e parte do lote estagiou mais 12 meses em barricas da mesma origem, antes de um repouso de outros 12 meses que precedeu o lançamento no mercado. O resultado é um vinho que se destaca pela qualidade do seu carácter frutado e boa acidez. Embora no nariz a madeira tenha momentos de superioridade, na boca tudo é amora bem saborosa. Um vinho muito bom, que acompanhou uns medalhões de novilho na brasa.
Há várias formas de aprender e evoluir, mas o contacto com quem sabe mais do que nós é das fórmulas de maior sucesso e mais utilizadas na história da humanidade. É, então, com naturalidade que decidi fazer um exercício comparativo entre as minhas impressões e as notas de prova que acompanham os vinhos que a Revista de Vinhos nos disponibiliza por €6,00 e que acompanham cada edição. O carácter masoquista deste exercício ofusca, tal a forma como luzes de néon fluorescentes o destacam, mas também a humildade é essencial ao desenvolvimento. No entanto, neste mundo do vinho não faltam motivos para justificar eventuais discrepâncias: a temperatura, os copos, a data de prova (com impacto na evolução do vinho), as viagens da garrafa, as condições de transporte e armazenamento, o nosso estado de espírito, etc... Optei por provar umas semanas após a compra, altura em que as notas de prova estão menos presentes na memória e apenas comparar após escrever as minhas próprias impressões. É uma abordagem possível; poderia optar por beber com a revista à frente e enriquecer a minha prova com as dicas dos especialistas, mas preferi este caminho. E vou segui-lo de forma determinada, sem cair em tentações, porque se há alguém que tem a ganhar com isso sou eu próprio. Pelo menos, assim o espero.
Vinho | Andresen 40 anos |
Tipo / Ano | Porto Tawny |
Castas | |
Região | Vinho do Porto |
Produtor | JH Andresen |
Aspecto | Castanho |
Nariz | Algo fechado, mas complexo, com balsâmicos, frutos secos, mel e geleia |
Boca | Corpo untuoso, óptima acidez. Amplo na boca, o seu corpo aveludado mostra toda a potência do vinho num ataque fulminante, dominador. Quase sentimos a acidez exemplar estalar na língua ao mesmo tempo que o palato sente os aromas transfigurados em sabor, tudo sublimado por um equilíbrio perfeito. Um final incrível de prolongamento e elegância |
Nota | 18,5 |
Data Prova | Novembro 2011 |
Preço | €11,40, a copo, Solar do Vinho do Porto |
Na visita mensal ao Solar do Vinho do Porto, agora a de Novembro, dei-me uma simbólica prenda de natal inesquecível: provar este porto esmagador. Só podemos agradecer a quem inventou o Vinho do Porto e elaborou este fantástico tawny 40 anos.
Vinho | Aguião |
Tipo / Ano | Tinto 2010 |
Castas | Vinhão |
Região | Vinhos Verdes |
Produtor | Simão Pedro Vasconcelos Bacelar Aguiã |
Aspecto | Rubi |
Nariz | Intenso, frutado e floral |
Boca | Corpo médio, boa acidez. Muito bem na boca, com alguma cremosidade, num vinho com uma acidez perfeitamente domada. Final médio, vivo e frutado, ligeiro amargo |
Nota | 15,5 |
Data Prova | Novembro 2011 |
Preço | €5,25, Garrafeira Vinhos e Prazeres |
Após várias referências muito positivas, a hora de provar este verde tinto foi anunciada quando soube a ementa de um daqueles almoços de família ao fim-de-semana: rojões. Conheço pouco a realidade verde tinto e não conheço as versões acídulas que originaram a imagem associada. Este vinho estão tão bom, que é o vinho certo para se dar a provar a quem afirme não gostar de verde tinto (se de uma forma preconceituosa, claro). Agradável, fresco, cremoso, enfim, a não perder. Ainda não provei o congénere Afros, mas estou muito curioso.
Vinho | Adega de Borba Premium |
Tipo / Ano | Tinto 2008 |
Castas | Trincadeira, Alicante Bouchet, Cabernet Sauvignon |
Região | Alentejo |
Produtor | Adega Cooperativa Borba |
Aspecto | Grená, bordo violáceo |
Nariz | Fruta preta, chocolate |
Boca | Corpo fluido, boa acidez, taninos polidos. Suave e fresco na boca, acrescenta notas de café ao perfil do nariz, até ao final médio. |
Nota | 16 |
Data Prova | Novembro 2011 |
Preço | <€6,00, Continente |
Após fermentar em inox, o processo de vinificação prosseguiu com estágio em barricas novas de carvalho francês e americano, bem como de castanho, durante 12 meses. Antes da saída para o mercado, ainda esteve outros 12 meses em garrafa. Um vinho com personalidade, que se mostra nos aromas e sabores, com madeira perfeitamente integrada, que apenas peca por alguma falta de estrutura. Com perfil mais seco do que doce, tem uma bebida fácil e agradável. Gostei, sem entusiasmar. Relação qualidade/preço equilibrada, considero-o uma boa compra.
Vinho | Castello d'Alba Reserva |
Tipo / Ano | Branco 2009 |
Castas | Códega Larinho, Rabigato, Viosinho |
Região | Douro |
Produtor | VDS – Vinhos Douro Superior |
Aspecto | Límpido, amarelo |
Nariz | Mineral, fruta caroço (pêssego) |
Boca | Corpo médio, boa acidez. Perfil mineral bem intenso, com uma textura quase cremosa e bem viva. Termina prolongado, mineral, seco e com ligeiro amargo |
Nota | 16 |
Data Prova | Novembro 2011 |
Preço | €5,70, Garrafeira das Artes |
É superior a nós: olhar para um vinho branco de 2009 origina sempre hesitações. No caso, estas foram rapidamente ultrapassadas, já que tinha alguma percepção da qualidade do vinho e bastante curiosidade sobre a evolução. Note-se que fermentação parcial em barrica e estágio de alguns meses em carvalho francês contribuem para uma percepção de capacidade de envelhecimento (embora não me pareça que seja regra rígida). Está muito bom, em boa forma e acredito que ainda possa melhorar em garrafa. Gostei muito, tem boa relação qualidade/preço, é um boa compra (para quem ainda encontrar). É um vinho muito adequado para quem tiver curiosidade em contactar com um perfil mineral.
Vinho | Altano Vinhas Próprias |
Tipo / Ano | Tinto 2009 |
Castas | Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Barroca |
Região | Douro |
Produtor | Symington Family Estates |
Aspecto | Rubi, bordo violáceo |
Nariz | Frutos vermelhos maduros, floral, chocolate |
Boca | Corpo médio, acidez média, taninos polidos. Fresco e suave, tem um perfil um pouco guloso na boca com fruta madura e ligeiro chocolate, até ao final médio e suave |
Nota | 15 |
Data Prova | Novembro 2011 |
Preço | €3,29, promoção Continente |
Feito de 3 castas típicas do Douro, provenientes de vinhas propriedade da família Symington, em regime de produção integrada, este vinho macerou em cubas de inox e grande parte do lote teve honras de estágio durante 4 meses em barricas usadas de carvalho francês e americano. Antes do lançamento no mercado, ainda se acomodou à garrafa mais 4 meses. Temos um vinho pronto a beber e a agradar. Caracteriza-se pela suavidade, proporcionada por taninos muito agradáveis e por um perfil mais adocicado do que seco. No consumidor final funciona e é isso que se procura neste segmento. Bom e bem feito, gostei. Não classifico como para dia-a-dia um vinho que ronda os €5,00, mas ficará muito bem à mesa num jantar informal.
Escrever que o mundo do vinho é fascinante acaba por ser redundante neste espaço - basta ver o conteúdo da maioria dos posts - mas esta bebida encantatória tem uma capacidade muito própria de mexer com as pessoas e originar dias, momentos, fantásticos. Não é a única coisa que o faz, mas tem o que mundo do futebol gosta de chamar mística.
Tudo começou com uma familiar que vai realizar uns jantares de Natal em casa e queria uma opinião sobre os vinhos a servir. Felizmente a garrafeira está recheada, portanto, implicava uma prova de algumas garrafas diferentes. Se há algo a que o vinho está ligado é à mesa, portanto, só aí, nesse altar privilegiado de homenagem a artes humanas como a culinária e a vinicultura, seria possível fazer o teste às amostras eleitas. Como a família não é pequena, não faltam amigos do vinhos e da cozinha, incluindo honras de um finalista na área que se voluntariou para contribuir com um menu para acompanhar as bebidas. Reuniu-se, então, um grupo de 12 conspiradores, dos quais 4 eram os “provadores oficiais”, no dia 19 de Novembro, para a ordenação de preferências em tintos e brancos.
O menu estava nas mãos de um especialista, logo, apenas restava escolher o acompanhamento. Sendo o objectivo utilizar o que havia na garrafeira, tudo começou com uma descida ao local de repouso das garrafas e confirmar as que existiam em quantidade suficiente (4 a 5 garrafas) para se tornarem elegíveis para os jantares. Os candidatos foram 3 brancos e 3 tintos, que se juntaram a outros já conhecidos e provados.
O resultado foi um almoço memorável, um evento familiar que só pode contribuir para solidificar laços entre os presentes, um candidato a chef a mostrar o seu talento (e aclamado com toda a justiça) e a prova concluída com a opinião do painel transmitida à organizadora, que mereceu parabéns e agradecimentos pelo momento proporcionado.
Como o almoço também foi de trabalho, não ficaram de fora as notas de prova, que reproduzo. Os brancos e tintos estão ordenados de forma inversa da preferência do painel. O espumante e o de sobremesa não estavam a concurso.
Murganheira Vintage, 2004: Cor amarelo palha, aromas de panificação e mineral. Na boca mostra-se vivo, amplo, com boa acidez e acompanha o perfil do nariz. Final longo e prolongado. Um espumante excelente, que por cerca de €25,00 não fica a dever nada a alguns champanhes.
Classificação: 17,5
CARM Rabigato 2009: amarelo de cor, tem um nariz essencialmente mineral. Na boca resiste uma boa acidez, que ampara um corpo médio, com alguma cremosidade, até ao final médio. Em boas condições de consumo, indicia uma evolução para a mineralidade. Vinho preso às característica da casta, não se mostrou consensual, mas, pessoalmente, gostei muito de o beber. É vinho para enófilos que tenham paciência para ele e que gostem de apreciar a evolução ao longo do tempo.
Classificação: 15,5
Casa da Ínsua, branco, 2010: Este vinho já tem um post aqui. Nesta prova confirmou a impressão de um vinho muito agradável na prova, com um perfil cítrico a acompanhar uma acidez muito boa, que aponta para alguma capacidade de resistir alguns anos.
Classificação: 15,5
Maria de Lourdes, branco, 2009: Mais um vinho da CARM, um lote de 40% Gouveio, 30% Viosinho e 30% Rabigato. Cor amarela, aroma complexo, com mineral, fruta branca e ligeiro toque a baunilha. Na boca encanta-nos de imediato, com uma bela acidez, corpo com cremosidade, onde o mineral e a baunilha se mostram. O final médio acompanha o perfil de um vinho bem fresco, complexo e equilibrado. Muito bom na vinificação e na prova.
Classificação: 17
Casa de Santar Reserva, Tinto 2005: Cor rubi, aromas de frutos vermelhos maduros e madeira. Na boca apresenta bom corpo, taninos com ligeira aresta e final longo, com fruta, madeira e balsâmicos. Estava curioso com a prova deste vinho, dado o prémio ganho recentemente pela performance na classe executiva. Está muito bom, já com alguma evolução, que o torna muito interessante para degustação, mas não muito consensual. Gostei muito e está na hora de ser bebido.
Classificação: 16
Maria de Lourdes, Tinto 2008: Lote de 70% Touriga Nacional e 30% de Touriga Franca, com origem em agricultura biológica e estágio de 24 meses em barricas de carvalho francês. Cor rubi, com bordo violáceo. Nariz agradável com frutos vermelhos, madeira, balsâmicos e especiarias. Muito bem na boca, com corpo, estrutura e acidez a acompanharem uns taninos redondos, num perfil dominado pela fruta. Bons taninos e madeira muito bem integrada fazem-no um vinho muito suave, quase elegante, muito amigável e saboroso. Bom final, onde recupera o perfil do nariz. Muito bom.
Classificação: 17
CARM Grande Reserva, Tinto 2007: Lote com Touriga Nacional, Tinta Roriz e Touriga Franca, que estagiaram 12 meses em barrica. Cor grená, nariz complexo, personalizado, com fruta, madeira, especiarias e floral. Na boca, ainda apresenta uma bela acidez, muito bem acompanhada por uns taninos polidos, que conferem boa estrutura a um corpo bem suave. Termina longo, prolongado, suave, quase elegante. Muito bem feito, um vinho num grande momento. Excelente.
Classificação: 17,5
Grandjó, 2007: Face aos presentes, a escolha do vinho de sobremesa recaiu num colheita tardia, não muito tradicional em Portugal, mas que tem tudo para ganhar adeptos, face ao menor grau alcoólico e à facilidade de degustação. Para o evento, só podia ser a grande referência nacional, o nosso colheita tardia feito de uvas Sémillon com botrytis. Cor dourada, nariz complexo, com fruta muito pura e metalizado. Na boca mostra-se encorpado, com acidez média que contribui para um equilíbrio muito bom entre açúcar e álcool. Guloso, encantador, termina longo. Um grande vinho, um orgulho para ombrear com Sauternes e outros consagrados.
Classificação: 17,5