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Terça-feira, 12 de Junho de 2012

Se Numa Noite de Inverno Um Viajante - Italo Calvino

O Autor

 

Italo Calvino nasceu em Santiago de Las Vegas, Cuba, em 1923. Quando conta com cerca de 2 anos de idade a família regressa a Itália, fixando-se em S. Remo. No período da II Guerra tem uma participação activa na resistência e estabelece ligações ao Partido Comunista. Trabalha como redactor e colabora com diversos jornais, até que, em 1985, de forma inesperada, morre de acidente vascular cerebral.

 

O livro

 

O livro destaca-se pela originalidade, tanto no desenvolvimento do tema como na estrutura. O início retira-nos logo da zona de conforto e anuncia o que virá a seguir, quase como um amuse bouche que estimula as papilas gustativas para um jantar de degustação. Segue-se a aventura de um Leitor, sem nome próprio, e de uma Leitora à volta dos livros. Com livros começa, com livros acaba, por livros tudo acontece. Numa estrutura que alterna o desenvolvimento do romance com inícios de livros que passam pelas mãos do Leitor, a mestria do autor revela-se em dois pontos principais. Por um lado, a ligação perfeita entre os capítulos cria um todo; por outro lado, a forma como conduz as nossas sensações na leitura consegue despertar interesse nos diversos livros e tira-nos o pão da boca quando conquistados. Curiosamente, os inícios de romances dão indicações de seguirem estilos diferentes, do policial à história de amor, passando por filosófico ou de aventuras. O seu estilo pontualmente coloquial de se dirigir ao leitor, que me agrada, fez-me lembrar o nosso Nobel. Quem sabe não influenciou José Saramago?

Pelo meio, parece deixar algumas ideias sobre escrita e leitura. Sobre a escrita, parece entender que tudo já está escrito e aponta para o conceito de cada livro representar um capítulo de um único grande livro que cada autor escreve: a sua obra. Ao mesmo tempo fez-me lembrar a ideia Pessoana do poeta fingidor, aqui aplicada ao romancista. Neste ponto, o personagem escritor parece dar voz aos pensamentos do autor. Na questão leitura, lança de forma subtil para a arena dois estilos: a leitura pela leitura e a aborgdagem mais analítica, crítica. Considerando que a Leitora, uma das personagens principais, representa o primeiro perfil, a forma como provoca acontecimentos à sua volta e a opinião clara do autor-personagem, não fica muita margem para dúvidas sobre a preferência do autor. Para quem não tem formação na área de letras e apenas lê numa perspectiva de prazer e partilha de conceitos e visões do mundo, não deixo de simpatizar com esta ideia.

Gostei imenso de ler este livro. O seu cariz literário é bem vincado, mas também a leitura mais descontraída encontrará motivos de prazer, em especial pela inquietude permanente que atribui uma dinâmica muito apelativa. É um livro que não é candidato ao esquecimento após a leitura, encontra um lugar na nossa memória e estará sempre pronto a libertar-se da prisão do inconsciente. Colecção Mil Folhas, nº 11.

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publicado por Ricardo Cruz às 13:51
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Segunda-feira, 19 de Março de 2012

A Costa dos Murmúrios - Lídia Jorge

Da colecção Mil Folhas, o último livro que li foi A Costa dos Murmúrios, de Lídia Jorge. Foi o primeiro grande sucesso da autora, cujo aspecto mais realçado pela crítica é a abordagem da guerra colonial e as denúncias a esta associadas (temas raros na literatura Portuguesa, diz-se por aí).

Eu senti o livro essencialmente na sua vertente literária. Há uma grande afinidade entre a estrutura do livro e o estilo de Lídia Jorge. No primeiro capítulo é-nos apresentado um conto sobre o dia do casamento dos protagonistas e a partir daí temos a Eva Lopo como narradora, que parece estar a rever o conto com quem o escreveu. Assim, ao longo do livro temos todas as histórias e detalhes omissos no conto Os Gafanhotos, aspecto análogo à escrita de Lídia Jorge, que se apresenta rendilhada e minuciosa ao descrever as diversas peripécias do enredo. Temos, assim, um livro com ritmo de uma regularidade que parece marcada por um metrónomo; apenas acelera no final, como é normal que aconteça. Luís, o noivo, é a personagem mais referida pelos críticos, que a consideram uma imagem do país. Não chego a essa sofisticação analítica, mas parece-me o espelho claro do impacto da guerra nos combatentes (a par do seu heróico tenente). O mesmo papel parece ter sido reservado às respectivas esposas.

Na componente temática, admito que a Literatura Portuguesa não tenha exemplos suficientes de livros sobre a guerra colonial (não tenho opinião, porque sou leigo na matéria), mas entendo que só os mais ingénuos consigam ficar chocados ou até surpreendidos com as denúncias apresentadas. Pessoalmente, vejo a guerra como um palco em que o ser humano facilmente liberta os demónios reprimidos numa vivência pacífica e estável. Porque os temos latentes, se somos colocados numa situação de vida ou morte é fácil que se manifestem. Às vezes penso como reagiria se tivesse dificuldades em ter habitação e comida na mesa para a família; num cenário em que se mata para não morrer, ou seja, o expoente máximo de uma situação limite... Este parágrafo representa dos melhores parabéns possíveis à autora, afinal, os objectivos da literatura não passam pelo estímulo à reflexão?

Na fase final, a autora desperta-nos para a questão da memória. Por um lado, é um livro de denúncia e portanto pretende que algo não seja esquecido; por outro lado, a protagonista transmite que há coisas que é preferível esquecer, que é necessário esquecer para seguir em frente.

O título remete para a localização geográfica, a Beira, em Moçambique, referida várias como a costa, e a palavra murmúrios aparece em duas passagens, das quais destaquei uma, justamente a que me parece mais passível de ter contribuído para o título.

Bom livro, gostei de o ler, sendo boa sugestão de leitura para quem procura nos livros algo mais do que uma história.

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publicado por Ricardo Cruz às 12:25
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